- Por que você não me beija logo?
- Porque não. - Respondi.
- Mas devia. - ela continuou, com a voz enrolada pelo álcool - Se ele beijou ela... e ela ficou com ele e os dois estão felizes e rindo e namorando.. por que não a gente? 
Ela faz um gesto significando nós dois com a mão que segurava a garrafa. Eu suspirei.
- Porque não é assim que as coisas funcionam. As pessoas não são felizes pelas mesmas coisas. Não é simplesmente repetir e se vingar ou mentir pra si mesma.
- Seria tão mais fácil, só.. só repetir. Por que não? Ninguém entende, eu não me encaixo em lugar nenhum, as coisas que fazem eles rirem, não me fazem. Sou sempre aquela séria no meio de todo mundo feliz. Por que eu não sou feliz? - ela olha pra mim balançando o cabelo loiro, os olhos perdidos e os lábios brilhando. - Por que eu não sou feliz? 
- Você tá falando muito sério pra uma bêbada. - eu digo e ela ri uma risada estranha.
Eu olho pra ela, aquela menina de vestido azul meio sujo, sentada na grama, as mãos cheias de anéis segurando uma garrafa de vodka, tênis brancos que não combinavam com o resto.
- Sua felicidade,  - aponto pro peito dela. - não devia depender de ninguém. Nem de se encaixar ou até mesmo rir. Você devia ser o suficiente pra si mesma.
Uma lágrima cai pelo rosto dela.
- Eu sei. - ela responde. - Eu sei.
E então ela começa a chorar forte. De soluçar. E quase sem querer eu já estava com ela me abraçando. Menina maluca, sem sentido, sem destino, sem sina. Provavelmente nem lembraria de nada de manhã.

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