Fortalecendo Linhas Tênues

Ele era de vidro e eu era de plástico. Ele chorava de dia e eu perambulava de noite. Ele perdia o sono, eu perdia a fome. Juntos perdíamos a noção e o cansaço. Ele foi embora. Eu não soube dizer quase nada, ele pronto para ouvir tudo. Eu queria chocolate, ele quem sabe um monte de morangos. Eu era incerteza, ele era solução. A solução química pras minhas regras inventadas. Roupas jogadas pelo chão da sala de jantar, sapatos jogados pela trilha até a porta fechada. Eu que nunca soube o que te dizer, senti tanto. Você me abraçou como se quisesse me conhecer, como se fosse embora logo depois. Você nunca fez muito sentido, eu nunca vali muito a pena. Você me beijava de um jeito que só você fazia, eu correspondia. Ia ia ia. Agora sinto saudade. Parece um blefe. Nunca te disse pra não ir.

Medo de crescer. Peter Pan. Pular da janela, pensamentos felizes rumo à Terra do Nunca. Medo de mudar, metamorfose. Medo de crescer e ficar chato. De ficar cinza em uma cabeça qualquer. Se você quiser o mundo, eu te ofereço o meu (8)

Acho isso que você faz a maior maldade. Me olhar com esses olhos puxados e essa boca incrível. Colocar o braço em mim no meio de todo mundo como se ninguém importasse. Falar comigo sobra as coisas que eu amo. Ter uma cintura tão boa. Não é justo você ser assim, menino. Eu escrevo textos ruins em salas de outras pessoas. Eu ando meio sensível demais. Nervosa de mais. Com saudade demais. Eu não ando mais muito bem. E se você não vier. Se você soubesse como eu realmente sou, ficaria longe. Você não me conhece, não de verdade, não o que importa. E eu também não sei quem você é. E agora, mais do que nunca, acho que não vou mais descobrir.

Dia desses pensei tanto em você que quase perdi a cabeça, quase peguei o telefone e disquei teu número. Dia desses senti tanta vontade que quase me perdi no caminho do cinema e fui parar na tua casa. E outro dia então que perdi foi a compostura e gritei pra você voltar, pra você ficar. A questão, meu bem, é que eu não tô sendo sincera. Acordo no meio da noite com o maior impulso de gritar pro mundo que eu te amo e que você é meu, a aí me lembro que não é mais. Não adianta fugir, eu te vejo até de olhos fechados. Parece sina, perseguição, minha amiga diz que é amor. Pra mim é tudo a mesma coisa. É você.

Menos consciência pesada, e mais ruas pisadas. Menos culpa e mais amor. Me desculpa? Mas eu não quero mais me justificar ou conversar pra esclarecer as coisas. É necessário, eu sei. Mas não quero que você me entenda. Nem quero que você fique triste. Eu só queria poder ficar com você. Não brigar, nem fugir. Bom, talvez fugir um pouco. Mas também, sou de peixes né? Eu sei que você queria que eu fosse um pouquinho melhor nisso. Ok, talvez mais que um pouquinho.

Nunca vou entender direito o que você quer dizer com tudo isso. Existem no mundo coisas irreversíveis, com consequências gigantes. Palavras jogadas da boca pra fora, ações meio sem pensar direito. As vezes a gente vai vivendo sem nem perceber nada. Só indo no automático. As vezes a gente se arrepende muito de uma bobagem e, cacete, percebemos que voltar atrás não é mais uma opção. Nunca foi, na verdade. No pré eu derramei danoninho na roupa nova de uma amiguinha "sem querer". Foi maldade, eu sei. As vezes aparecem coisas, que aparentemente não né, mas que mexem muito com o coração da gente. Hoje, eu só queria um abraço sincero e bem, bem longo. Só queria parar o tempo um pouquinho nos braços de alguém. Em qualquer lugar do mundo.

"A vida acontece todos os dias, independentemente do que você deseje ou queira. Mesmo que você se feche para o mundo, ela ainda vai acontecer. O sol nascerá, a tarde cairá, o céu se cobrirá de estrelas e a lua se iluminará. E o que tiver de acontecer vai acontecer. Mesmo que você compre uma máquina do tempo e volte as vezes que julgar necessárias para consertar todas as burradas que fez no passado. Vai acontecer. Você sabe por quê? Porque precisamos de decepções para amadurecer. Sem elas, nada seríamos. É como se a cada decepção nos fosse dado um frasco de vida, e cada vez que nos machucamos temos mais vontade de viver. Se não existissem as dores do mundo, seríamos todos frágeis, fracos, feito papéis que se rasgam facilmente com qualquer puxão. Então que venham as decepções, as quedas, as feridas abertas, as cicatrizes, o sangue espalhado pelo chão."  A vida passa muito depressa. O dia já está acabando, não vale a pena esperar para viver, vão te julgar o tempo todo, re

Ontem eu tropecei e caí de cara no asfalto. Queixo ralado, mão machucada e calça suja. Voltei pra casa chorando bem baixinho igual uma criança que se rala fazendo estripulia, pra ninguém ver, nem descobrir. É que eu tava distraída pensando em você. Em como você costumava ser. Por um momento me assustei quase não conseguindo voltar no tempo, sabe? Mas passou logo, aí tudo foi vindo. Você era incrível, sabia? Não sei se alguma vez te disse isso. Aliás, nem sei se alguma vez te fiz sorrir de verdade. Mentira, sei sim. Mas dói lembrar. Doi lembrar que foi bom, porque me faz sentir saudade. Não me leve a mal, sei que não vou te ter assim de novo. Talvez eu nunca mais te abrace e seu abraço era, tipo assim, uma delícia. Seus planos malucos se misturavam com os meus. Sua teimosia batia de frente com o meu medo de amar. Lembra daqueles planos com as ondas do mar? Desculpa a rima boba e todo o meu mal jeito. Ai que sensação esquisita. Desculpa todo dia.

"Eu acho que nunca vou saber o que aquela menina quer de mim. Ela me enrola e me vira do avesso. Ela me quebra, só pra depois me concertar. Ela me monta cada vez de um jeito diferente e eu a faço sorrir. Perto dela, sou um bobo com um sorriso bobo. Perto dela, sou feliz."

"- Ainda assim - disse o Espantalho -, quero um cérebro ao invés de um coração; porque um tolo não saberia o que fazer com um coração se tivesse um. - Fico com o coração - respondeu o Homem de Lata. - Porque o cérebro não faz ninguém feliz e a felicidade é a melhor coisa do mundo." - O Mágico de Oz.

  "Você não é a coisa perfeita que eu idealizei a vida inteira e eu te amo por isso."   Ela sussurrou bem baixinho no meu ouvido, pouco antes de eu agarrá-la pela cintura e rolar pela grama.

Pra quem tá de fora, até parece brincadeira. Então por que raios me atinge tanto? A verdade é que eu me importo com essas coisas. Com o que dizem, pensam, acham. Cacete, eles falam sem dó. Talvez nem percebam né? Será que eu também faço isso? Acho que sim, as vezes. Mas afinal, não dá pra viver se importando com a opinião dos outros e se esquecer de viver.