Por aquelas estradas
E a minha alma gritava. Gritava feito a louca que
andavam dizendo por aí que eu era. Isso porque não sabiam da vontade que eu
tinha de rasgar a alma cada vez que falavam de você. Ainda. Eu, que já tinha
tantos erros na ficha, agora também não me orgulhava disso. De um sentimento
que era pra ser bom, que era pra ser seu, que era pra ser nosso. Mas o amor foi
mal dividido. Você puxou sua metade e virou as costas, eu peguei o resto e saí
correndo. Agora não sei onde vim parar. Não é rua sem saída, nem beco, nem
muro, nem ponte. Pior que isso. É uma via de mão dupla. Direita ou esquerda?
Cidade ou litoral? Ficar aqui parada é pior que seguir na contra mão. Não
provoca acidentes, mas também não provoca mais nada. Meus pensamentos
divergentes se divertem me confundindo, tento ponderar o peso de cada ato
futuro, mas não consigo. Talvez porque o que importa de verdade é agora. Me
pergunto onde será que você está, como está se sentindo e o que anda fazendo,
posso te ouvir rir, vez por outra, de longe. Pode não parecer, mas me faz um
pouco bem. Eu penso que estaria tudo bem se não estivesse tão confuso. Como li
por aí dizer adeus não é um problema, nem olhar pra trás, nem chorar ou gritar,
nem mesmo decidir é um problema. São só coisas que precisamos fazer pra
conseguir ir e, antes disso, pra conseguir respirar. E então, finalmente,
decido. É como um baque. E depois uma queda. Caindo, caindo, caindo... Solta, isso
mesmo, sem me agarrar em nada tão forte assim, sem estar segura. Fecho os olhos
com toda a força e desejo, profundamente, que vindo o que vier, eu ainda possa viver.
E tentar, tentar fazer as coisas, tentar algo novo, tentar rir, tentar ler
aquele livro que está há tempos na estante, tentar ser verdadeira com as
pessoas e comigo, tentar não me irritar com as pequenas coisas e aprender a
amá-las e as grande também. Tentar ver o lado bom da vida e dar valor a ela.
Como disse antes, viver.
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