Eu olhei pra ela meio de lado e sorri meio atravessado antes de atravessar a rua. Eu não queria que ela soubesse de tudo, ou então me teria na mão. Eu tinha medo do sorriso daquela morena, do jeito que ela era sem jeito quando via meus pais. Eu já fui muito babaca, já fiz cada besteira. Por muito tempo achei que não merecia ser feliz, que eu era menos. Ela me faz querer muito mais. Eu compro cappuccino pra ela de manhã e vejo um olhar que não tem preço, rotina ou roteiro. Queria que ela escrevesse o nosso. Eu só sei tocar violão e amo Machado de Assis. Ela é doida, capaz de dançar funk a noite toda, capaz de ir pro Rio só de carona. Que saudade. Eu nem lembro mais de nada, nem preciso mais daquilo. Só quero mais. Quero que ela venha me buscar de asa delta, quero que ela continue fingindo que não se importa nos corredores, enquanto de noite geme rebolando em cima de mim. Ela faz jogo, eu faço poesia. Ela ri dos problemas, eu choro à toa. Ela finge que não me vê, eu puxo ela pela cintura para de trás da árvore, o sorriso dela antes de me beijar diz tudo. Depois eu puxo seu cabelo em cima da cama. Ela se atrasa, eu acordo duas horas antes. Eu corro, pinto telas de azul. Eu sinto tudo ao mesmo tempo e quando tô colado no corpo daquela menina, posso jurar que ela sente também. Enquanto ela faz cafuné no meu cabelo. Enquanto ela segura forte minha mão no parque. Enquanto ela ri das minhas piadas. Quando ela diz que sente medo, que não tá pronta, eu perco o chão. Só seguro tudo e abraço forte. Não conheço nenhuma solução. A gente quase nunca briga, mas chora e ri junto direto. Eu amo o azul dessa menina. Eu quero nunca desconhecer ela. Quero poder fazer tudo.


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