Diário 027

21:30 09/10/2008

Acho que nunca vou saber direito como me comportar perto de você. Arrumo a franja, sorrio boba, viro o rosto. Você nem percebe. Quando você ri é como algo derretendo aqui dentro, esse cabelo loiro meio jogado e esse jeito de fingir que não se importa. Queria conseguir chegar mais perto. Acho que de tanto te observar de longe, decorei suas manias. Tipo quando você passa a mão como se estivesse limpando a folha antes de escrever ou quando diz algo e todos riem e você continua sério. É como se sua sinceridade descarada fosse um sarcasmo 'divertido'. Menino, ninguém nunca te levou a sério. Você tem mania de ficar passando a mão na boca, como se mentisse o tempo inteiro, quando te abraçam, você sempre fica um pouco congelado antes de retribuir. Eu nunca fui muito boa nisso de falar, perdi a conta de quantos diários já escrevi na vida com essas palavras não ditas. Mas eu cansei de te ver pela janela, como se você fosse o protagonista da novela da minha vida. Hoje eu quero chegar mais perto. Pintei as unhas de vermelho, fiz cachos na ponta do meu cabelo preto, vesti uma saia que faria minha mãe me mandar de volta pro quarto, uma blusa branca de botão e uma gravata colorida. Passei maquiagem como se quisesse vestir uma máscara de outro alguém, mas quando me vi no espelho me senti mais eu do que nunca. Sorri. 

23:57 09/10/2008

Casa da Karen (menina loira de top rosa listrado, apaixonada por cozinhar e ficar doidona), muita gente, muito álcool. Luzes piscando e um tapete vermelho. A música me fazia querer dançar e sorrir, frio na barriga. Te vejo de longe, encostado na parede, pose arrogante e um maxilar que me fazia querer saber dar cambalhota. Pensamentos meio enrolados, seguro o copo forte e bebo de uma vez só. Clichê. Ajeito a franja e vou. 

03:45 10/10/2008

Suspiro de leve enquanto você me abraça, passo os dedos pelo seu braço, não consigo parar de encarar esses olhos azuis que se fazem de céu. Mas se fechar os meus só um pouquinho, ainda consigo lembrar de tudo. Minha abordagem meio sem graça e o jeito que você segurou minha mão enquanto subíamos as escadas. Olhares meio inseguros e meu coração batendo forte. O quarto meio escuro, a porta fechada e o seu sorriso de lado. Quando você tirou a a camisa e subiu devagar, eu perdi o medo de perder você por uma noite. Eu te queria agora, chega de esperar pra ter uma vida inteira do teu lado. Peça por peça de roupa se espalham pelo chão e eu sorrio quando beijo o sinal que você tem no pescoço. Você me segura forte no quadril e eu puxo seu cabelo, seguro no seu pescoço, enlaço as pernas na sua cintura, passo as mãos pelas suas costas. Olho pra cima e você me beija, Aperto as pernas em você pra te puxar mais pra perto enquanto você desliza devagar e então rápido. Seu rosto encosta no meu e eu me perco inteira. Ah. Abro os olhos devagar e te vejo me encarando, chego mais perto e no meio de um beijo mordisco sua boca. Você entrelaça sua mão na minha e por um segundo parece mais amor do que sexo. Você beija meu pescoço e eu seguro o seu rosto sério. Não posso deixar de rir quando você ajeita minha franja.