Lembra quando a gente acreditou que era pra sempre? Você puxava meu cabelo de levinho, me fazia arrepiar enquanto eu beijava o seu pescoço. Sua bermuda vermelha combinava com meu short de pijama azul escuro, sua cabeça no meu ombro, nossas mãos entrelaçadas. Você costumava me fazer rir de um jeito que a felicidade preenchia o meu corpo inteiro. O céu parecia mais lilás às cinco da manhã, enquanto a mochila pesava nas minhas costas e eu corria pra não perder o trem. De noite, terça feira, estação Ana Rosa, seu sorriso vinha de encontro com o meu. Pela primeira vez, eu amei minha rotina, só por você estar nela. Seu cabelo meio cacheado e essas mania de rir aberto feito porta de mercearia. Lembra que você sempre dizia que quando eu batia na sua porta parecia até Natal? Lembra quando você me ensinou a jogar aquele jogo sem sentido, numa noite de domingo, no chão da sua sala? Lembra, por favor. Lembra que quando eu ganhei você me puxou pela cintura e me colocou em cima do balcão, eu pensei quase sem querer em como a disposição dos móveis da sua casa era esquisita, você me encarava com esses olhos de fera, suas mãos nas minha coxas e eu queria gritar e sorrir e te amar inteiro. Você me beijava como quem quer arrancar pedaço e tudo bem, porque eu queria mesmo te engolir como quem precisa das últimas gotas d'água. Nosso amor era desesperado e, mesmo assim, a gente se amava devagarinho. Hoje, quinta feira a tarde, estação Ana Rosa, eu esqueço todos os parágrafos que leio desse livro sem graça, do mesmo jeito que quero esquecer cada segundo dessa vida sem cor. Olho pra frente e quase posso te ver chegando, braços abertos, sorriso de um lado só, fone de ouvido pendurado pela gola da blusa e um livro cujo título eu nem entendia. Quase posso sentir você passando a mão pelo meu cabelo e segurando minha cintura como quem me ama, quase que eu começo a explicar as teorias de Freud pro moço meio mal encarado do meu lado, só porque você amaria ouvir. Respiro fundo e só não penso num fim pro texto porque ainda não tô pronta pra um ponto final
Eu finjo. E finjo muito. E muito bem. Eu finjo que estamos conversando, que te encontro na esquina e é aí que a gente se abraça. E, meu amor, é incrível. E é eterno. Eu me desmancho nos seus braços feito a manteiga derretida que nunca fui. Você me envolveria e eu iria te sentir, eu sinto tudo. Depois, finjo que a gente ri, e sr olha. E é aí que os olhos brilham. A gente fala meio sem jeito e fica junto. Um dia inteiro, uma semana, finjo que você me beija e é bem aí que eu me perco. Em você. Lindo, eu escrevi nossa história inteira no papel do Universo com a caneta das estrelas. Só falta você olhar pro céu.
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