Silêncio. 
Era tudo que eu queria.
Era mesmo?
Não.
Paz. Amor. Amizade. A sensação de estar vivendo, fazendo loucuras, dando tudo de mim. A sensação de não estar sozinha. De ser boa.
O suficiente.
Quantos parágrafos tive que reler, não pela barulheira da sala, mas pelos berros que vinham de dentro.
Muito barulho, gritos intensos em corredores com piso de mármore, deixo meus sentimentos no mudo. Nego às súplicas que meu interior esguela. Você não precisa de nada. Para de gritar que está faminto. Sedento. Você consegue aguentar, vai ter que sobreviver, porque agora eu não posso te dar nada. Eu não tenho mais nada.
O que restou? Às vezes morro de medo de que minha alma tenha me abandonado de tão desprezada que ela se sentiu. E é só com ela que eu posso renascer.
Acho que de tanto me negar, de tanto não tentar me compreender, eu parei de tentar entender todos os outros. É possível amar àquilo que você não compreende? É possível suportar? Eu me deixei de lado e não me perdoando, não restou clemência para dar à ninguém. Sofri muito. Um mundo sem perdão cultiva dores com a eternidade de uma vida. Ou quase: do presente em diante.
As pessoas estão desesperadas ou só estou vendo meu reflexo?
Por favor, não me deixa sozinha. Eu prometo te escutar mais.
Promessas costumam ser vazias. Como eu estou.
Oca.
Volta.
Volta só por acreditar. Só por confiança. Só por desespero. 
Só por aquele fio desconhecido e forte que nos faz tentar de novo. E de novo. E de novo. Porque a gente precisa.
Eu preciso de você.
Adeus, 2017.


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