Tão devagar, que parecia até de mentira. Enrosco meus dedos nos teus cachos enquanto você me aperta mais firme pela cintura. Quando você não está, qual parte de mim se arrisca a chegar no infinito? Nas noites mais escuras de agosto, eu ando pelas ruas e prometo que se te encontrar em alguma esquina, você será imediatamente meu. Quem inventou o tempo? Seu corpo se estica pelos meus lençóis e eu faço um milhão de planos silenciosos antes que você abra os olhos e encare a luz que entra pelas falhas das telhas do teto. Quando tem temporal, chove mais aqui dentro. Tomo banhos de chuvas periódicos, querendo ou não. Mas, entre toda a pobreza que meus móveis decadentes gritam, seus dedos passeiam livremente pelo meu tronco e eu não desejaria estar em nenhum outro lugar. Ok, talvez Roma. Ou Paris. Minha paixão pela Europa me sufoca, pois que países cruéis, feito a vida que insiste em me enforcar todo dia, enquanto encaro o espelho e tento escovar os dentes. Mas, me contesto: seria a crueldade intrínseca a todos os seres humanos?
Eu finjo. E finjo muito. E muito bem. Eu finjo que estamos conversando, que te encontro na esquina e é aí que a gente se abraça. E, meu amor, é incrível. E é eterno. Eu me desmancho nos seus braços feito a manteiga derretida que nunca fui. Você me envolveria e eu iria te sentir, eu sinto tudo. Depois, finjo que a gente ri, e sr olha. E é aí que os olhos brilham. A gente fala meio sem jeito e fica junto. Um dia inteiro, uma semana, finjo que você me beija e é bem aí que eu me perco. Em você. Lindo, eu escrevi nossa história inteira no papel do Universo com a caneta das estrelas. Só falta você olhar pro céu.
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